Modificações na CLT foram aprovadas pelo Senado na última terça (11) em
uma sessão tumultuada. Governo prometeu alterar pontos da reforma por meio de
medida provisória.
Por Laís
Lis, G1, Brasília
O presidente Michel Temer sancionou nesta
quinta-feira (13) o projeto de reforma trabalhista aprovado pelo Congresso
Nacional.
A nova legislação altera regras da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e prevê pontos que
poderão ser negociados entre empregadores e empregados e, em caso de acordo
coletivo, passarão a ter força de lei. As novas regras entrarão em vigor daqui
a quatro meses, conforme previsto na nova legislação.
ESPECIAL G1: Saiba o que muda na lei
com a aprovação da reforma
Ao discursar na solenidade de sanção da reforma
trabalhista, o peemedebista também criticou o que chama de “passionalização” na
Justiça que, na opinião dele, gera instabilidade ao país.
Temer argumentou que se "passionalizou"
praticamente todas as questões que vão ao Judiciário. Segundo ele, em vez de
aplicar "rigidamente" a lei "sem qualquer emoção", há
pessoas que usam "ideologia" e "sentimentos psicológicos e
sociológicos".
"Isso, naturalmente, quebra a rigidez, a
higidez da ordem jurídica e, naturalmente, instabiliza o país. Toda e qualquer
desobediência à ordem juridica significa precisamente a instabilização da ordem
jurídica", declarou o presidente da República.
Temer também enalteceu a atuação do ministro do
Trabalho, Ronaldo Nogueira, e do relator da proposta na Câmara, deputado
Rogério Marinho (PSDB-RN), na articulação política do projeto. Na avaliação do
presidente, foi "árduo o percurso" para aprovar a reforma das leis
trabalhistas.
Aprovado pela Câmara em abril,
o projeto da reforma trabahista foi aprovado pelo Senado na
última terça-feira (11) em uma sessão tumultuada.
Com a reforma trabalhista, a negociação entre
empresas e trabalhadores prevalecerá sobre a lei em pontos como parcelamento
das férias, flexibilização da jornada, participação nos lucros e resultados,
intervalo de almoço, plano de cargos e salários e banco de horas.
Outros pontos, como FGTS, salário mínimo, 13º
salário, seguro-desemprego, benefícios previdenciários, licença-maternidade,
porém, não poderão ser negociados.
'Suposta crise'
Em meio ao discurso sobre a reforma trabalhista,
Temer afirmou que o país vive uma ‘suposta crise’, mas que há um “entusiasmo
extraordinário” em relação às políticas públicas.
“Eu faço um registro curioso: nessas últimas
semanas, certa e precisamente, em função de uma suposta crise, o que tem
acontecido é um entusiasmo extraordinário”, enfatizou.
O presidente também fez um balanço das medidas
aprovadas, citando, além da reforma trabalhista, as mudanças no ensino médio e
a PEC do teto de gastos.
“Poderia elencar tudo que nós fizemos ao longo
desses 14 meses e olhe: não são 4 anos, não são oito anos, são 14 meses. E toda
a modéstia de lado estamos revolucionando o país. Fizemos a reforma
trabalhista, a do ensino médio”, destacou.
Medida
provisória
Diante da polêmica gerada em torno das modificações
prometidas pelo Palácio do Planalto na legislação aprovada nesta semana, o
líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), voltou a afirmar nesta
quinta que o Executivo federal vai editar uma medida provisória para alterar os
pontos negociados com os congressistas.
O peemedebista afiançou durante a tramitação do
projeto no Senado as mudanças exigidas, inclusive por integrantes da base
aliada, como o dispositivo que permite que gestantes trabalhem em ambientes insalubres.
O acordo foi costurado com os senadores governistas
para que o texto que chegou da Câmara não fosse alterado no Senado. Se o texto
retornasse para nova análise dos deputados, iria atrasar a sanção das novas
regras.
Segundo Jucá, o governo governo tem 119 dias para
editar a MP que modificará a recém-aprovada reforma trabalhista.
Antes da solenidade de sanção da reforma, o líder
do governo no Senado divulgou o texto-prévio da medida provisória que Michel
Temer deve enviar ao Congresso com mudanças em nove pontos da proposta.
Justiça do
Trabalho
Convidado a participar da cerimônia de sanção da
reforma trabalhista, o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST),
ministro Ives Gandra Filho, cumprimentou Michel Temer, em meio ao seu discurso,
pelo que classificou de “coragem, perseverança e visão de futuro" do chefe
do Executivo federal ao "abraçar" as mudanças na legislação
trabalhista, o ajuste fiscal e a reforma previdenciária.
Gandra Filho afirmou ainda que a negociação
coletiva, que é a espinha dorsal da reforma, é importante porque, na avaliação
dele, quem trabalha em cada segmento é que sabe as reais necessidades daqueles
trabalhadores.
“Aquilo que é próprio de cada categoria você
estabelece por negociação coletiva, quem melhor conhece as necessidades de cada
ramo é quem trabalha naquele ramo”, disse.
Veja abaixo alguns pontos que a MP deve modificar:
Gestantes e
lactantes
Um dos pontos que a proposta de MP deve alterar é a
possibilidade de que gestantes trabalhem em locais insalubres. O texto original
previa que gestantes deveriam apresentar atestado para que fossem afastadas de
atividades insalubres de grau médio ou mínimo.
A proposta de MP divulgada por Jucá determina que
“o exercício de atividades insalubres em grau médio ou mínimo, pela gestante,
somente será permitido quando ela, voluntariamente, apresentar atestado de
saúde”.
Jornada 12x36
Outra ponto que o texto-prévio da MP pretende
alterar é o que permitia que acordo individual entre patrão e empregado pudesse
estabelecer jornada de 12 horas de trabalho por 36 horas ininterruptas de
descanso. A minuta divulgada por Jucá quer viabilizar essa jornada após acordo
coletivo, ou convenção coletiva.
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